Por Kerley em 21 out de 2024

Considerada por muitos apenas um simples passatempo na educação infantil, desenhar é uma prática com um papel crucial no desenvolvimento global das crianças, ajudando-as a expressar sentimentos, melhorar a coordenação motora e compreender melhor o mundo à sua volta. A atividade de desenhar é uma forma de comunicação única, especialmente importante em idades mais jovens, quando as palavras ainda não conseguem traduzir as experiências e emoções.

No campo do desenvolvimento emocional, o desenho permite que a criança externalize sentimentos que, muitas vezes, são difíceis de verbalizar. Seja por meio de uma garatuja despretensiosa ou de uma cena mais complexa, os pequenos encontram nessa atividade uma forma de lidar com emoções como alegria, medo ou ansiedade. A prática frequente de desenhar pode ser uma valiosa ferramenta para os pais entenderem o que se passa no interior de seus filhos, favorecendo diálogos que promovem o bem-estar emocional.

Além de suas contribuições emocionais, desenhar tem um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo. Essa atividade instiga a criatividade e a imaginação, incentivando a criança a pensar em formas, cores e como elas se relacionam. Por exemplo, ao criar uma cena com figuras familiares, a criança está organizando suas ideias de maneira lógica e estruturada, o que contribui para um raciocínio mais apurado. Conforme as crianças desenham, elas exploram conceitos espaciais, aprendendo noções como “em cima”, “embaixo”, “perto” e “longe”.

O desenvolvimento psicomotor também é diretamente beneficiado pela prática do desenho. Ao segurar o lápis e traçar formas, a criança aprimora suas habilidades motoras finas, que são fundamentais para a escrita e para manipular pequenos objetos no dia a dia. A evolução do traçado das garatujas até desenhos mais detalhados reflete o aprimoramento da coordenação olho-mão, proporcionando um preparo natural para as demandas futuras da escrita. Lígia Sesso, diretora pedagógica do Colégio Torricelli, de Guarulhos (SP), observa que “o desenho oferece às crianças a oportunidade de transformar suas emoções e percepções em traços, ajudando-as a se expressar de maneira saudável”.

Essa prática também desempenha um papel significativo no desenvolvimento social, pois muitas vezes, ao desenhar, as crianças representam interações sociais que vivenciaram ou imaginaram. Isso contribui para que elas entendam melhor as relações interpessoais e encontrem maneiras de lidar com as diferentes situações do cotidiano. Lígia Sesso destaca ainda que “incentivar o desenho desde cedo é um modo de estimular as crianças a desenvolverem uma série de habilidades que serão úteis em outras etapas de sua vida escolar e pessoal“.

As garatujas, comuns entre 18 e 24 meses de idade, são as primeiras manifestações artísticas das crianças. Esses traços despretensiosos, que podem parecer simples rabiscos aos olhos dos adultos, são passos importantes no processo de aprendizado. Já a partir dos 2 anos, as crianças começam a atribuir significados aos seus desenhos, ainda que esses significados nem sempre sejam claros para os adultos. Entre os 4 e 7 anos, os desenhos ganham forma e complexidade, com a representação de cenas do cotidiano e de figuras reconhecíveis, como pessoas e animais. Dos 7 aos 12 anos, os pequenos artistas começam a explorar a perspectiva e os detalhes, desenvolvendo maior atenção ao que observam ao seu redor.

Para saber mais sobre a importância do desenho infantil, acesse https://www.museudaimaginacao.com.br/a-importancia-de-desenhar-para-o-desenvolvimento-infantil ou https://blog.institutosingularidades.edu.br/o-desenho-infantil-e-sua-contribuicao-no-desenvolvimento-da-escrita/